Com a volta das viagens o turismo rural vai deixar o coronavirus perdido na paisagem

Prezado amigo ou amiga, um dos segmentos econômicos que mais sofreu impactos negativos com a pandemia foi o turismo, que representa 8% do PIB brasileiro, mobiliza mais de 50 segmentos da economia e responde por mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos no país.

Como existem diferentes desejos de viajantes, existem vários tipos de turismo. Entre os mais concorridos estão o turismo de “sol e praia” e o turismo urbano convencional, aquele que arrasta multidões para visitar atrações e participar de eventos em centros urbanos. Mas por causa do Covid-19 os tipos de turismo com potencial para retomada mais rápida são aqueles que se realizam em ambientes rurais, sem aglomeração e em contato com a natureza como o turismo rural, o agriturismo, o ecoturismo, o enoturismo, o turismo de aventura e de esportes na natureza. Ou seja, o turismo que privilegia patrimônios locais, de um território ou comunidade.

Isso porque a retomada das atividades turísticas pós-Covid19 tende a ser realizada em espiral: o turismo será retomado inicialmente por passeios em transporte privado (automóveis), em cidades mais próximas do turista (porque a economia também sofreu), em destinos com menos pessoas, e irá se ampliando, aumentando aos poucos, até chegar às viagens internacionais lotadas feitas com transporte aéreo, como acontecia antes da pandemia Covid-19.

Mas enquanto não existir uma vacinação segura e efetiva contra o Convid-19 terão mais sucesso os destinos que buscarem atender a quatro “S”s: Segurança, Sustentabilidade, Solidariedade e Saudabilidade. Mas antes veja onde encontrar informações sobre o cenário Covid-19, que muda constantemente:

Turismo rural

Veja como os segmentos estão se organizando para a volta das atividades. Lideranças do Turismo Rural, incluindo Agroturismo, Turismo Rural da Agricultura Familiar e Turismo Rural de Base Comunitária realizaram debates pela internet e propuseram a criação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento do Turismo Rural Brasil. Este site aqui é um dos resultados. A iniciativa propõe políticas públicas setoriais e normas nacionais de procedimentos e protocolos de retomada do turismo e ampla divulgação das oportunidades de se fazer turismo em lugares abertos, sadios, sem aglomeração e em contato com a natureza. Veja algumas opções neste site.

Quem também propos protocolos e iniciativas foi a Catraca Livre, um site de notícias com foco em eventos culturais e temas como cidadania, educação, carreira, bem-estar, etc. Em parceria com a Interamerican Network, uma agência de comunicação e representação especializada em turismo, realizou uma  pesquisa em países da America Latina para apontar caminhos seguros e confiáveis  para a volta das viagens. Veja resultados em seu site.

Enoturismo

Outro setor que pode se beneficiar do “turismo seguro em áreas rurais” é o Enoturismo. Sandra Carvão, diretora de Inteligência de Mercado e Competitividade da Organização Mundial do Turismo me disse em entrevista exclusiva que o enoturismo tem uma grande capacidade de levar pessoas urbanas a visitar, se hospedar e comprar produtos em ambientes rurais, para provar, visitar e cadquirir queijos, doces, vinhos, embutidos, chás e outros agroalimentos. Isto é o que precisamos e que pode ser facilitado pelo Convid-19.

No Brasil o Enoturismo pode ser importante para mais de 5 milhões de brasileiros em pelo menos 150 municípios de 40 regiões de 10 Estados do Brasil. Em 2018 mobilizou cerca de 1.200.000 turistas – e não só na serra gaúcha, como muitos pensam. Infelizmente não temos nenhuma entidade nacional de organização do enoturismo. Eu tenho escrito sobre isso há muitos anos e em 2017 publiquei uma proposta de Agenda do Enoturismo no Brasil – veja aqui:  http://www.invinoviajas.com/2017/12/em-2018-o-brasil/

Pouca coisa foi feita sobre esta agenda, e recentemente fiz um video relembrando a importância disso. Foi o 17o. video da série de Tesouros no Fundo do Quintal, veja aqui:  https://youtu.be/tGxBjuZEJOY

Se ainda não estamos organizados no Brasil, estamos buscando conhecimento sobre este assunto fora do Brasil. Eu mesmo venho apoiando no Brasil o trabalho da Ametur – Associação Internacional de Enoturismo, com sede em Portugal. A consultora brasileira de turismo Ivane Favero, ex-presidente da Associação Internacional de Enoturismo – Aenotur participa de um grupo de especialistas em enoturismo denominado International Wine Tourism Think Tank que planejam fazer propostas concretas aplicáveis ao segmento de enoturismo do mundo, sob a nova realidade pós-Convid-19. No grupo estão representantes da Itália, França, Portugal, Espanha, Brasil, Argentina, Chile, México, Estados Unidos e África do Sul.

Na Itália, país que sofreu muito com o Covid-19, o enoturismo gerou mais de 2,65 bilhões de euros com 15 milhões de turistas em 2019. Os italianos trabalham em várias frentes para retomar o enoturismo no país, como com financiamentos para reconstruir a acessibilidade aos territórios e a rolagem de dívidas dos gastos turísticos e do enoturismo em 2020 para 2021.

O programa é liderado pela Associação Nacional de Cidades do Vinho (a Città del Vino), fundada em Siena em 1987, que reúne 460 municípios. Floriano Zambon, presidente, explica que a retomada “…implica a necessidade de reconstruir e criar novos caminhos, ciclovias, rotas de enoturismo, letreiros, itinerários e experiências culturais, mas também infraestruturas de serviços e conexões digitais adequadas para os territórios mais rurais e desfavorecidos pelo fosso digital”. Um relatório sobre a situação está aqui: http://www.today.it/partner/adnkronos/economia/lavoro/citta-del-vino-enoturismo-volano-per-la-rinascita-dei-territori.html

Foto de abertura: O publicitário e fotógrafo Rodrigo Ruschel surpreendeu a neblina matinal sobre o rio Silveira, em São José dos Ausentes, na serra gaúcha. Nesta época não tinha Covid-19. Mas se tivesse, o tal coronavirus estaria perdido na paisagem, confuso no meio da neblina…

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